terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ite, missa est

Coisas que podemos aprender com os católicos

Lendo o blog da Nani relembrei o significado da palavra missa que é dada à celebração comunitária dos católicos. Apesar de haver outras explicações, a mais coerente é que missa é uma redução da frase latina – latim tardio - “ite, missa est”, proferida ao fim de solenidades romanas e significa,” ide, [esta assembleia] é enviada”, ou “está dispensada”. Quando da época da formação da liturgia cristã católica, quando o latim se tornou idioma litúrgico no Ocidente, os padres terminavam as celebrações do Santo Sacrifício – outro termo utilizado para designar as reuniões católicas, porém, mais formal - despedindo o povo dizendo “ite, missa est”.
Para diferenciar-se da Igreja Católica, os cristãos reformados passaram a chamar suas reuniões de cultos, realçando o aspecto de louvor e adoração das suas celebrações. Talvez, pois desconheço a real origem do termo culto, os pioneiros reformados tenham sentido também uma necessidade de dar um sentido linguístico mais puro à designação que damos aos nossos ajuntamentos, uma vez que a palavra missa tem, hoje, um sentido ritual muito engessado, ainda que o culto protestante não esteja também tão enrijecido por protocolos e cerimonialismos.
Entretanto, indo um pouco mais a fundo na etimologia de missa podemos absorver um aspecto fundamental que dá sentido aos nossos ajuntamentos para celebrar a salvação em Cristo e louvar o Nome de Deus por vezes não é bem expresso pela palavra culto. Ao fim da celebração do Santo Sacrifício o padre, e é até hoje assim nas missas em latim, despedia a assembleia enviando-a ao mundo, nas palavras de J. J. von Allmen, citado pela Nani, “ressaltando a razão de ser do culto cristão num mundo que não é ainda o Reino”. Por vezes, esquecemos que nos reunimos para encorajarmos, exortarmos, admoestarmos, aconselharmos e abençoarmos uns aos outros, louvando a Deus, celebrando a salvação em Cristo Jesus, com o intuito único de sairmos para realizarmos a missão de proclamar ao mundo o Evangelho de Deus.
Hoje cada vez mais, e Glória a Deus por isso, muitos crentes tem despertado para a noção de que o culto a Deus, na vida cristã, é uma maneira de viver e, por isso, constante, e que na verdade, a nossa reunião comunitária é apenas o ápice desta vida de adoração e louvor ao Deus vivo. Mas, é necessário resgatarmos também este aspecto missionário dos nossos ajuntamentos, o culto não tem um fim em si mesmo, mas nos leva a atuar no mundo, como emissários do Reino.
Que as nossas celebrações em comunidade não deixem de ser a expressão máxima de nossa adoração a Deus – e digo máxima porque é o Corpo de Cristo reunido, fazendo dEle, o homenageado, presente –, sem esquecermos que nosso serviço, nossa atuação não é intramuros ou para/durante os cultos, mas nos leva ao mundo para anunciarmos o senhorio de Cristo sobre tudo e sobre todos, fazendo discípulos – colegas de missão – de todas as nações, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

“...Et accedens Jesus locutus est eis, dicens: Data est mihi omnis potestas in cælo et in terra: euntes ergo docete omnes gentes: baptizantes eos in nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti: docentes eos servare omnia quæcumque mandavi vobis: et ecce ego vobiscum sum omnibus diebus, usque ad consummationem sæculi. Matthaeus 28.18-20.